O capitão do time de futebol
- Stephany Locatelli

- 20 de set.
- 4 min de leitura
Nem sempre a nossa vida acontece como no nosso filme preferido e tá tudo bem...
Eu sempre quis viver um amor de colegial desses que cresci vendo nos filmes. A garota inteligente se apaixona pelo capitão do time de futebol e o vê se apaixonar por cada detalhe que a torna diferente das outras. Não porque ela seja melhor e sim porque ela o ama pelo que ele realmente é, não pelo status de popularidade. Isso me lembra uma frase de um dos meus filmes preferidos “A nova Cinderela”. Você ainda vai me ver falando muito sobre ele por aqui (haha). Em um dos e-mails que Austin Ames manda para a Sam, ele diz:
“Vivo num mundo, cheio de gente fingindo ser o que não é. Mas quando estou com você, sou quem eu quero ser!” (A nova Cinderela)
Sabe aqueles amores sem explicação? Quando te perguntam “por que o ama?”, você fica parada, sorrindo, tentando encontrar a resposta — e não encontra.
Acho que esse é o sentimento mais genuíno que existe: amar alguém sem motivo. Há uma citação que decorei quando era bem pequena, atribuída a Madre Teresa de Calcutá:
“Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona. Ame apenas, pois nem o tempo é capaz de acabar com um amor sem explicação.” (Madre Teresa de Calcutá)
Sinto muita verdade nesse trecho. Posso dizer, por experiência, que esse amor é, sim, o melhor de todos. Não é um pouco poético afirmar que se ama alguém de um jeito tão intenso que não se consegue explicar o porquê?
Cresci assistindo “A Nova Cinderela”, “Ela é Demais”, “High School Musical” e tantos outros filmes que mostram amores colegiais: o sentimento não tem explicação, não precisa de motivo concreto. Ele simplesmente existe e, depois, acontece. Eu sempre quis viver isso. Fui tão iludida que jurava que, no Ensino Médio, estudaria no East High, com armários nos corredores, teatros, e jogos de basquete (ou futebol, haha). Podem me julgar, tudo bem.

A questão é que a gente se deixa levar pelo conteúdo que consome e acaba embalada por sonhos e metas que, muitas vezes, não se realizam tão facilmente como nos roteiros.
Conhecer um cara ainda na escola e torná-lo o amor da sua vida soa irracional. O que sabemos sobre amor quando somos tão novas? Apaixonar-se por quem parece ser incrível, sonhar em namorar, formar família, casar, ter filhos e, depois, contar: “Crianças, vocês não vão acreditar, mas seu pai e eu nos conhecemos desde sempre, estudamos juntos, nos apaixonamos e nunca mais nos separamos” — ver os olhinhos deles brilhando com essa história... É uma loucura, não é? Ou talvez eu ache assim só porque não aconteceu comigo. Se tivesse acontecido, talvez não me parecesse tão maluco.
Fico me perguntando em que momento me perdi do meu “capitão do time de futebol”. Mas também me pergunto se algum dia ele foi realmente meu, para eu poder “perder”. Talvez nunca tenha sido. Talvez tudo tenha acontecido na minha cabeça — invenção da minha imaginação fértil e romântica demais.
Ainda assim, gostaria de acreditar que, por uma fração de segundo, aquilo foi real para ele também. Se fosse, seria mais fácil aceitar o que aconteceu; eu não me acharia tão idiota por ter nutrido expectativas por um amor que talvez nunca existiu.
Mas não há como eu saber. Talvez eu nunca descubra essa resposta. Então, vou passar o resto da vida me perguntando.
A única certeza que me resta é que sempre quis viver um amor de colegial, desses de filme. Acontece que o capitão do time não foi capaz de me amar naquela época — e eu percebi, um pouco tarde demais, que talvez ele nunca fosse capaz de me amar.
E eu entendi, enfim, que não cabe a mim carregar essa culpa. Não ter vivido um amor colegial não estragou a minha vida — foi apenas um sonho adolescente de uma garota sonhadora, e tudo bem que não tenha acontecido. Hoje compreendo que as expectativas que criamos dizem muito mais sobre nós do que sobre os outros. E não! Eu não odiei os meus filmes preferidos por me darem expectativas falsas (haha). Porque mesmo não tendo tido sucesso no amor, eu tive sucesso em outras áreas da minha vida. E eu não poderia ser mais grata a tudo o que me aconteceu.
“A vida é muito maior do que se resumir a questões amorosas e garotos." (A nova Cinderela)
Continuo sendo uma sonhadora e sigo acreditando que, em algum momento, vou encontrar um homem incrível. Só que agora sei: quando esse amor chegar, virá no tempo certo, de forma natural, sem pressa. E quando acontecer será melhor do que qualquer comédia romântica que eu já tenha visto e será tão certo que será melhor do que qualquer romance de colegial que eu poderia ter vivido. Mas, até lá, eu sigo vivendo a minha vida e realizando os meus sonhos, porque pra isso eu nunca precisei do capitão do time de futebol.
“Contos de fada não falam apenas sobre casar com príncipes encantados, falam sobre realizar seus sonhos” (A nova Cinderela)
Com amor,
Ste ♡






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